_meios
obra
_obj #01
designer
dan azvdo
edição
qubo
ano
2024/2025
composição
aço e pintura eletrostática
fotos
@lookatme.brasil
APÓS DUAS COLEÇÕES MARCADAS POR UMA ESCAVAÇÃO IDENTITÁRIA E SENSÍVEL DA ESTÉTICA BRASILEIRA — ONDE DAN AZVDO INVESTIGA SUAS PRÓPRIAS RAÍZES POR MEIO DE UM OLHAR CRUZADO ENTRE AS COSMOLOGIAS DOS POVOS ORIGINÁRIOS DAS AMÉRICAS E OS LEGADOS ESPIRITUAIS, SIMBÓLICOS E MATERIAIS DAS DIÁSPORAS AFRICANAS — O DESIGNER AVANÇA AGORA PARA UMA ABORDAGEM MAIS DIRETA E ANALÍTICA DOS TEMPOS CONTEMPORÂNEOS. SE NAS COLEÇÕES ANTERIORES PREDOMINAVA A BUSCA POR UMA RECONCILIAÇÃO COM OS SABERES ANCESTRAIS E OS VALORES COLETIVOS FUNDADORES DE UMA CULTURA PLURAL, NESTA NOVA SÉRIE DAN PROPÕE UMA VIRADA ESTÉTICA E CONCEITUAL, ONDE O FOCO RECAI SOBRE O PRESENTE E SUAS TENSÕES.
POR MEIO DE UMA SÉRIE DE DESENHOS E OBJETOS DE CARÁTER SINTÉTICO, ALCALINO E DELIBERADAMENTE FRIO, O ARTISTA E DESIGNER TRADUZ A PERCEPÇÃO DO OUTRO NA CONTEMPORANEIDADE COMO UM REFLEXO DE NOSSA CRESCENTE INDIFERENÇA E DA BANALIZAÇÃO DAS RELAÇÕES AFETIVAS E SOCIAIS. DOIS OBJETOS CENTRAIS, DESDOBRADOS EM MÚLTIPLAS FORMAS, ÂNGULOS, FUNÇÕES E LEITURAS, SÃO OS VETORES DESSA REFLEXÃO. CADA PEÇA FUNCIONA COMO UM DISPOSITIVO POÉTICO QUE CONVOCA O OLHAR PARA ALÉM DA SUPERFÍCIE — REVELANDO CAMADAS DE SENTIDO QUE SÓ SE TORNAM PERCEPTÍVEIS NA INTERAÇÃO ENTRE OBJETO E SUJEITO, ENTRE CORPO E MATÉRIA, ENTRE FUNÇÃO E NARRATIVA.
A BASE ESTRUTURAL E CONCEITUAL DESTA COLEÇÃO É FORTEMENTE INFLUENCIADA PELOS PRINCÍPIOS DA PSICOLOGIA DA GESTALT — UM CAMPO QUE ESTUDA COMO O SER HUMANO ORGANIZA A PERCEPÇÃO VISUAL A PARTIR DA TOTALIDADE, DA RELAÇÃO ENTRE PARTES, E DA EXPERIÊNCIA EMPÍRICA DO MUNDO. EM VEZ DE FRAGMENTAR O OBJETO EM SUAS UNIDADES MÍNIMAS, DAN AZVDO OPTA POR CONSTRUIR FORMAS QUE NASCEM DO ENTRELAÇAMENTO HARMÔNICO E, ÀS VEZES, DISSONANTE ENTRE AS PARTES, PROVOCANDO UMA LEITURA SIMULTANEAMENTE INTUITIVA E CRÍTICA. AS LEIS DE PROXIMIDADE, CONTINUIDADE, FIGURA-FUNDO E PREGNÂNCIA DA FORMA SÃO TENSIONADAS DE FORMA CONSCIENTE PARA ESTIMULAR NO OBSERVADOR UMA PERCEPÇÃO ATIVA, PARTICIPATIVA E SENSÍVEL.
A ESCOLHA DO AÇO COMO MATERIAL PREDOMINANTE NÃO É ACIDENTAL. FRIO, INDUSTRIAL, RÍGIDO, MAS TAMBÉM INFINITAMENTE MOLDÁVEL, O METAL AQUI REPRESENTA O PARADOXO CENTRAL DA
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: A PROMESSA DA DUREZA COMO FORÇA E ESTABILIDADE, CONTRAPOSTA À PLASTICIDADE DAS RELAÇÕES HUMANAS CONSTANTEMENTE REMODELADAS POR ESTÍMULOS, REDES E FLUXOS SIMBÓLICOS. O AÇO, QUANDO CURVADO, CORTADO E RECONFIGURADO POR AZVDO, DEIXA DE SER APENAS SUPORTE ESTRUTURAL E TORNA-SE LINGUAGEM — UMA SUPERFÍCIE REFLEXIVA TANTO NO SENTIDO FÍSICO QUANTO METAFÓRICO, ONDE PROJETAMOS NOSSAS AUSÊNCIAS, TENSÕES E DESLOCAMENTOS.
ESTES OBJETOS — QUE OPERAM SIMULTANEAMENTE COMO MOBILIÁRIO, ESCULTURA E COMENTÁRIO SOCIAL — NÃO OFERECEM RESPOSTAS, MAS CRIAM PERGUNTAS. QUE FORMAS ASSUMEM NOSSOS AFETOS EM TEMPOS DE ACELERAÇÃO? COMO HABITAMOS OS ESPAÇOS QUANDO OS VÍNCULOS SÃO CADA VEZ MAIS MEDIADOS POR CÓDIGOS E IMAGENS? O QUE RESTA DA EMPATIA QUANDO A FUNCIONALIDADE SE TORNA SINÔNIMO DE PRODUTIVIDADE E O DESIGN É ESVAZIADO DE PENSAMENTO CRÍTICO?
DAN AZVDO POSICIONA-SE ASSIM EM UM TERRITÓRIO LIMINAR ENTRE ARTE E DESIGN, ENTRE PROJETO E PROVOCAÇÃO. SEU TRABALHO, DE CARÁTER PROFUNDAMENTE AUTORAL, PROPÕE UMA ESTÉTICA DA FORMA QUE NÃO SE REDUZ À BELEZA OU À ERGONOMIA, MAS SE INSCREVE COMO NARRATIVA VISUAL E SIMBÓLICA DE UMA SOCIEDADE EM CONSTANTE REORGANIZAÇÃO. A FORMA, PARA ELE, NÃO É FIM, MAS MEIO — UMA ESTRUTURA SENSÍVEL CAPAZ DE TRADUZIR TENSÕES CULTURAIS, POLÍTICAS E AFETIVAS.
NESTA COLEÇÃO, CADA OBJETO É UMA SÍNTESE DE MÚLTIPLOS TEMPOS: A MEMÓRIA DA MATÉRIA, A URGÊNCIA DO PRESENTE E A PROJEÇÃO DE FUTUROS POSSÍVEIS. UM DESIGN QUE NÃO SE CONTENTA EM RESOLVER PROBLEMAS, MAS QUE OS REVELA. QUE NÃO APENAS DECORA, MAS COMUNICA. QUE NÃO APENAS SERVE, MAS QUESTIONA.
{_ancestral} * _origem + _meios = (en) fim’s
_OBJ #01 | AÇO E PINTURA A PÓ | MEDIDAS 67X59X57
FUTUROS POSSÍVEIS
AO TENSIONAR A RELAÇÃO ENTRE ERGONOMIA E ESTRANHAMENTO, DAN AZVDO QUESTIONA A PRÓPRIA IDEIA DE CONFORTO — NÃO MAIS ENTENDIDO APENAS COMO ADEQUAÇÃO FÍSICA, MAS COMO EXPERIÊNCIA SIMBÓLICA. O DESCONFORTO PROPOSITAL CONVIDA À REFLEXÃO: QUANTO ESPAÇO OFERECEMOS AO OUTRO EM NOSSAS ROTINAS? COMO NOS POSICIONAMOS DIANTE DA PRESENÇA ALHEIA? QUE GESTOS PERMANECEM QUANDO O ENCONTRO É REDUZIDO AO ESSENCIAL?
O OBJ #01 OPERA, ASSIM, EM MÚLTIPLAS CAMADAS: É MOBILIÁRIO E METÁFORA, ESTRUTURA FUNCIONAL E DISPOSITIVO FILOSÓFICO. ELE EXISTE TANTO NO PLANO DO USO QUANTO NO DA CRÍTICA, INSTAURANDO UM CAMPO DE LEITURA NO QUAL A FORMA NÃO SE LIMITA A RESOLVER PROBLEMAS, MAS SE PROPÕE A EXPOR FRAGILIDADES E COMPLEXIDADES.
MAIS DO QUE UMA MESA E UM BANCO, ESTA PEÇA SE APRESENTA COMO UM ENSAIO SOBRE O TEMPO EM QUE VIVEMOS — UM TEMPO EM QUE A PRESENÇA FÍSICA NÃO GARANTE O ENCONTRO, E EM QUE A PARTILHA EXIGE, MAIS DO QUE NUNCA, CONSCIÊNCIA E ESCOLHA.
O OBJ #01, COMPOSTO POR MESA E BANCO, É A SÍNTESE MATERIAL DE UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE OS MODOS CONTEMPORÂNEOS DE ESTAR JUNTO — E SOBRE O QUE PERMANECE ENTRE NÓS QUANDO A CONVIVÊNCIA DEIXA DE SER ESPONTÂNEA PARA TORNAR-SE MEDIADA POR DISTÂNCIAS INVISÍVEIS.
AO DEPURAR A FORMA ATÉ SUA ESTRUTURA ESSENCIAL, DAN AZVDO TRANSFORMA ELEMENTOS COTIDIANOS EM DISPOSITIVOS CRÍTICOS. MESA E BANCO, ARQUÉTIPOS DO CONVÍVIO E DA PARTILHA, SÃO AQUI DESPOJADOS DE SUA FUNÇÃO IMEDIATA PARA GANHAR DENSIDADE SIMBÓLICA. LINHAS RÍGIDAS E ÂNGULOS PRECISOS INSTAURAM UMA ESPACIALIDADE QUE NÃO SE OFERECE AO CORPO DE MANEIRA PASSIVA: EXIGE AJUSTE, PRESENÇA E INTENÇÃO. O ATO DE SENTAR, ANTES AUTOMÁTICO, TORNA-SE CONSCIENTE. A PROXIMIDADE, ANTES NATURALIZADA, PASSA A SER NEGOCIADA.
A ESCOLHA DO AÇO — MATÉRIA INDUSTRIAL, IMPESSOAL E ESTRUTURALMENTE INFLEXÍVEL — É ESTRATÉGICA. ELE REPRESENTA A PAISAGEM EMOCIONAL DOS NOSSOS TEMPOS: FRIA, TÉCNICA E PROGRAMADA, AINDA QUE MOLDÁVEL SOB PRESSÃO E CALOR. AO MANIPULAR ESSE MATERIAL, O DESIGNER REVELA UM PARADOXO: A DUREZA DA FORMA NÃO IMPEDE SUA TRANSFORMAÇÃO; AO CONTRÁRIO, TORNA-A MAIS SIGNIFICATIVA. A SUPERFÍCIE METÁLICA REFLETE NÃO APENAS A LUZ AO SEU REDOR, MAS TAMBÉM A CONDIÇÃO HUMANA DE UM PRESENTE MARCADO POR AFASTAMENTOS SUTIS E PELA EROSÃO DA RECIPROCIDADE.
NESSE SENTIDO, O OBJ #01 NÃO É UM EXERCÍCIO ESTÉTICO ISOLADO, MAS UMA CONSTRUÇÃO QUE DIALOGA COM PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA GESTALT. FORMA E VAZIO, FIGURA E FUNDO,
PROXIMIDADE E SEPARAÇÃO SÃO ARTICULADOS PARA PRODUZIR SIGNIFICADOS QUE ULTRAPASSAM A MATERIALIDADE. O DESENHO NÃO SE ENCERRA EM SI MESMO: ATUA COMO MEDIADOR ENTRE CORPO E ESPAÇO, SUJEITO E OBJETO, EU E OUTRO.
